O INFERNO
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não bastaria respeital-os, seria mister adoral-os. Disso nos defenda Deus! São homens como nós. E, quando o Espirito Santo nos illustra, somos como similhantes aos candelabros do templo, e, sem o querer, confundimos a nossa sombra com a luz que dardejamos em redor.

Assim fallam os protestantes. Não digo que taes discursos sejam concludentes: não me compete a mim julgal-os; mas d'este capitulo e do anterior inferimos uma conclusão cuja justiça creio que ninguem contesta.

III

Conclusão do que fica dito
 

A conclusão que eu desejaria tirar do que fica dito é que a Biblia e a Egreja, estas duas auctoridades que se invocam em favor das penas eternas, não tem o mesmo valor no conceito de toda a gente. Um protestante renegaria o inferno, apezar dos anathemas dos Concilios, se a Escriptura lh'o não annunciasse; mas um catholico renegaria o inferno, apezar da lucidez dos textos biblicos, se aprouvesse á Egreja attribuir áquelles textos, segundo o parecer de Origenes, um sentido visivelmente conforme á justiça e bondade de Deus.

Tanto em Genebra como em Roma crê-se no inferno; mas por diversas razões; e o que parece argumento decisivo para metade dos christãos, não têm a