CAPITULO TERCEIRO

 
DA DESCIDA DE CHRISTO AOS INFERNOS
 

Descendit ad Inferos; tertià die resurrexit à mortuis; ascendit ad c[oe]los, sedet ad dexteram Patris, indè venturus est judicare vivos et mortuos.

Credo in Spiritum sanctum, in sanctam Ecclesiam catholicam et apostolicam, in communionem sanctorum, in remissionem peccatorum, carnis ressurrectionem et vitam æternam. Amen.

(Symb. apostolorum).

I

O Filho do homem, expedindo sobre a cruz sua vida mortal, desceu aos infernos. Não é o Evangelho que o refere; é um documento não menos venerado, o qual, com o Pater e Ave, é parte das orações que a Egreja ensina aos seus filhos: documento, ao que parece, anterior á redacção dos Evangelhos e resumo da fé apostolica: é o Credo.[1]

Jesus morto vai annunciar aos mortos a boa nova:

  1. Conta-se que os apostolos, antes de se apartarem para levar aos gentios a boa nova, trez annos pouco mais ou menos depois da morte do divino Mestre, se reuniram e compozeram o Credo, elenco das verdades cujo ensino lhes fôra confiado. O Evangelho ainda não corria escripto. Só depois da separação, é que foi composto o de S. Matheus, que antecede a todos. O symbolo da fé apostolica tambem não andava escripto; mas ensinava-se de cór aos fieis, e por isso longo tempo se conservou na Egreja, bem como a tradição egualmente oral da sua origem.