exemplares dos seus versos e acharam magnífico um dos seus sonetos. É justo. Mas porque, um jornalista que defendeu um indivíduo acusado por todos, que sustentou uma doutrina rejeitada, não há de ter uma grande e legítima emoção quando vê que a sua defesa mudou as acusações, ou em perdão ou em aplauso, ou quando sente que a doutrina, outrora rejeitada, vai criando entusiasmo, abrindo caminho? É de tão boa arte como o soneto do nosso poeta. Não da mesma, porém tão digna de respeito como a dele.

— Mas o jornalismo muitas vezes não se faz por convicção e sim por negócio.

— É verdade. Mas há poemas friamente rimados por indivíduos que não vibraram absolutamente nada ao fazê-los e, entretanto, comovem, emocionam. Assim como se pode fazer poesia boa, por acaso, sem sentimento, também se pode fazer jornalismo nas mesmas circunstâncias. Ou jornalismo ou qualquer outra coisa. Talma, que foi aclamado como um ator perfeito, não sentia nas cenas mais trágicas o mínimo abalo. Enquanto a platéia delirava de entusiasmo, ele gracejava com os outros atores.

— Mas os recursos do jornalismo são grosseiros.

— Não vejo bem por quê. São diferentes dos do romance ou do conto, mas visam o mesmo