Perguntam-me: — Onde vais, ó Cavaleiro andante?
Que ardor te leva assim, tão forte e resoluto?
Buscas acaso a flor de um sonho extravagante?
Que vai contigo? O Bem? o Mal? a Guerra? o Luto?
E eu deixo este animal de trágicos furores,
Que é o Desejo e que tem as asas dos condores,
Na corrida veloz que me tira do Mundo.
Pouco importa saber onde me leva a Sorte,
Corra embora, febril, para as portas da Morte,
Para o profundo Céu, para o Inferno profundo!
Cheguei, entretanto, ainda a tempo de lhe exigir antes da partida a resposta ao questionário.
— Cinco perguntas? indagou ele. Mas são as Vogais do Rimbaud! É uma questão de estado d'alma. Eu posso sentir A branco, quando outros o sintam vermelho ou amarelo.
— Isso é que seria interessante.
O poeta pensou.
— Mas é difícil. Não tenho cores simples, tenho nuanças da mesma desilusão.
— Manda-mas em verso.
— Mando-tas em prosa.
Alguns dias depois eu recebia cinco tiras de papel.
Desdobrei a primeira.
Eis o que dizia: