Abílio, adotado na escola em que aprendi a ler, é que me proporcionou os primeiros arrebatamentos que o verso me produziu. A "Minha Terra", de Casimiro de Abreu, o "Adeus aos meus amigos do Maranhão", de Gonçalves Dias, e a "Ode aos Baianos", do primeiro José Bonifácio, incluídos naquela miscelânea, deixavam-me fora de mim quando eu os lia, ou mesmo simplesmente ouvia ler, tanto mais se a leitura era feita em voz alta e com certa ênfase. Eu caía quase que em verdadeiro paroxismo, tal a deliciosa exaltação que se apoderava do meu espírito.

Nessas ocasiões nunca me passou pelo cérebro a ambição sequer de algum dia poder fazer coisa assim. Aqueles homens estavam aos meus olhos muito acima de quanto me fosse dado nesse sentido aspirar.

Na escola eu só fiz jornalismo manuscrito. Podia por fim tirar umas vinte ou trinta cópias, tendo conseguido comprar um polígrafo. A influência dos nossos poetas só dois anos depois é que frutificou com o estimulo de um jornalzinho, A Violeta, que rapazes mais velhos do que eu publicavam então na minha terra:

As flores são lindas,

São castas, são belas,

São lindas estrelas

Que brilham no ar...

Lembra-me que foram estas as minhas primeiras