como poderá sentir quem imparcialmente ler Canaã. Não sei mesmo por que o classificam como escritor socialista, classificação esta que o meu pobre espírito ainda não pôde compreender. Nessa categoria podemos, no entretanto, incluir os Srs.: Fábio Luz e Curvelo de Mendonça, cujos trabalhos, se não têm o vigor de forma de Canaã, coisa aliás fácil de adquirir, obedecem, todavia, à determinada orientação, pregam novos ideais, propugnam pela reforma da sociedade mercantilizada em que vivem.

Em referência ao 4º quesito, tenho a responder-vos negativamente. De fato, não creio que os Estados possam criar literatura sua. Isto admitir seria desconhecer a influência que a Capital Federal exerce intensamente nos vários departamentos do Brasil, em todos os ramos de atividade. É ela que, como intermediária, lança aos Estados, mais ou menos modificados, os frutos do meio literário europeu, sobretudo francês. O que se poderá talvez dar é haver nos trabalhos literários ali surgidos uma certa cor local, isto é, certo cunho regional em que as paisagens e os costumes respectivos sejam apresentados com carinho, seja dito de passagem, bastante aceitável e até necessário.

Nunca, porém, poderá existir uma literatura em cada Estado, o que desde hoje, com os elementos existentes, se pode terminantemente assegurar.