Não pode haver uma literatura original, sem que a raça esteja formada, e já é prodigiosa a nossa inteligência, que consegue ser esse reflexo superior e se faz representativa do espírito latino na América. Ah! A nossa inteligência! É possível atacar, espezinhar, pulverizar de ridículo tudo o que constitui o Brasil, a sua civilização e o esforço dos seus filhos. Esses ataques são em geral feitos por brasileiros. Duas coisas porém ficam acima dos maus conceitos: a beleza da terra e o espírito que a habita, o encanto da natureza e a clara inteligência assimiladora dos homens. Os comerciantes, os artistas em tournée, os humildes e os notáveis levam daqui a impressão imorredoura de que não há país mais aberto a todas as idéias generosas, mais espiritualmente irônico. Poderíamos acrescentar: nem mais indolente. Mas não basta haver talentos e belos livros para que haja uma literatura. Esta opinião talvez não seja uma grande novidade, mas é verdadeira. Nós nos regulamos pela França. A França não tem agora lutas de escola, nós também não; a França tem alguns moços extravagantes, nós também; há uma tendência mais forte, a tendência humanitária, nós começamos a fazer livros socialistas. Esta última corrente arrasta, no mundo, todos quantos se apercebem da angústia dos pobres e do sofrimento dos humildes. Um artista sente mais as dores