de todas as horas, são os meus autores prediletos... Os velhos, sobremodo os recuados, faço como toda a gente, respeito-os e penso que lhes não faz falta o meu trato. Prefiro os contemporâneos no momento mesmo, a guardá-los para o aplauso de meus vindouros. Sei que não é esse o uso literário. A literatura oficial, como o vinho e o café, deve ser velha, para ser louvada.

Os autores infelizes, que não tiveram louvores nem editores, que se consolem com a possibilidade de uma estátua, no futuro, ou a probabilidade de enriquecerem daí a trinta ou cinqüenta anos os que os explorarem. Eu, de mim, suponho que os literatos, como os criados, devem ser pagos em dia: com a remuneração, o louvor, a consideração que merecem. É uma determinante de minha preferência pelos presentes. A outra, de ordem psicológica, e esta egoística, é que eu sinto melhor o que observa, imagina, representa ou deduz um autor de meu tempo, de meu meio, de minha civilização, que um sujeito de uma era, um país, uma sociedade que não conheço.

O mais é prazer do exótico e do anacrônico, quando não veleidade de erudito: e aqueles são os dispépticos da literatura: estes, indivíduos que têm como profissão se aborrecerem e; às vezes, aborrecerem os outros.

Não vale isto dizer que desrespeito os velhos