e não é inexplicável: vem de uma corrente que o vulgo acompanha, mas que o filósofo analisa, corrente que obedece a leis fáceis de determinar. O autor, seja ele qual for, de uma notoriedade lucrativa, de valor no mercado — porque a venda é uma força — deve o seu sucesso ao favor público. O público não simpatiza senão com os que o sabem tocar e lisonjear. A marca de um autor cotado é uma boa marca. Ele a princípio é quem a recomenda; ela depois é que o faz valer. Por isso o autor que vence é uma espécie de jogador feliz.

— Oh! Que teoria discutível!

— Eu chego aos exemplos. A Sra. D. Júlia Lopes de Almeida é o tipo ideal da mãe de família; acha infantil o feminismo, o nefelibatismo e outros maluquismos da civilização. As suas idéias modestas e sem espalhafato, a sua sensibilidade sem extravagâncias souberam tocar o público. A colaboração da Sra. D. Júlia nos jornais aumenta a edição dos mesmos. Que importa à D. Júlia um crítico, dois críticos, três, uma dúzia mesmo contra ela? A sua marca é boa, é vendável; e como acontece a outros produtos, os próprios críticos, forçados pela corrente, fazem-lhes o reclamo com o instinto, aliás muito humano, que tem toda a gente de aclamar os que a multidão aclama. Quando o público adota um escritor — D. Júlia, Bilac, Medeiros e Albuquerque — é que se percebe bem a inanidade da crítica,