achando essa idéia uma elegância de primeira ordem. São geralmente os poetas, os poetas que fatalmente tendem a ver o seu mercado diminuído — porque o momento não é de devaneios, mas de curiosidade, de informação, fazendo da literatura no romance, na crônica, no conto, nas descrições de viagens, uma única e colossal reportagem.
— A literatura, uma reportagem?
— Desde o romantismo, desde Vítor Hugo tende a ser, simplesmente, reportagem impressionista e documentada. É a sua força. A poesia conservou-se no ideal, e por isso, como bem disse Clóvis, tem os seus moldes gastos. — Ainda outro dia um homem, para fazer sucesso em verso na França, teve que fazer uma reportagem poética sobre a vida dos galinheiros...
— O meu amigo é paradoxal e insolente.
— É o que quase sempre não são os seus entrevistados. Foi-se o tempo das ganas, das raivas, das descomposturas. Agora não se ataca mais. Não há tempo. A delicadeza é um resultado da falta de tempo. Já Avianus, um fabulista latino que La Fontaine copiou com descaro, dizia: nullus proemissis vincere posse minis...
— Mas em suma? fiz eu enfadado com aquele excesso de palavras.
— Em suma?
— Sim, sem circunlóquios, francamente...
— O inquérito mostra que não há escolas no