A vila sertaneja em que nasci, em Sergipe, o Lagarto, não ficou imune.

Minha mãe teve a febre (supõe-se que já era a hoje nossa patrícia mui conhecida — a amarela); esteve às portas da morte, não me podia amamentar. Eu tinha seis semanas. Fui transportado para o engenho de meus avós maternos a quatro léguas de distância, na região chamada o Piauí, de um rio deste nome que ali corre águas turvas e cortadas no tempo das secas.

O sítio era delicioso, com trechos de mata virgem, belos outeiros fronteiriços, riachos correntes e o engenho. Este era dos de animais. São os mais poéticos nas cenas de sua movimentação especifica. Basta a almanjarra (manjarra — chama-se lá), para pôr em tudo uma nota festiva.

Fiquei no engenho Moreira, tal é sua denominação, até aos cinco anos. Dos três em diante a moagem era para mim um encanto.

Quando os bois ou cavalos eram bem mansos, eu trepava também na almanjarra e ajudava a cantar a algum dos tangedores:

"Pomba voou, meu camarada,
Avoou, que hei de fazer?
Quem de noite leva a boca,
De dia que há de comer? "

Ainda agora sinto no ouvido a melodia simples e monótona desses e de outros versinhos do gênero; e invade a saudade, doce companheira