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Rodolpho Theophilo

Paterson foi entrando.

— Onde estariam os tumulos?

A casaria dos quatro lados da praça toda vasia, algumas ameaçavam ruina. Qual a causa de tamanho abandono? Não podia atinar.

Cemiterio?

Não podia ser.

Nem um transeunte a quem falasse.

Aventurou-se por uma das alamedas, parou a meio, estupefacto, deante de uma forca.

— Uma forca!...

E a machina de matar, ali perfilada havia seculos, continuava em seu mutismo de cousa. Paterson aproximou-se mais do instrumento abjecto, mais ignobil do que a guilhotina: pregada ao madeiro, em perfeito estado de conservação, apenas perfurada em diversas alturas pelo caruncho, uma placa com esta inscripção em alto relevo:

«Conservada para relembrar a maldade humana, seu falso criterio, e sua falta de senso. A morte nunca corrigiu, nunca exemplificou. Nos paizes onde existe a pena de morte, o crime não desappareceu. Este local ficou sendo um campo santo, abandonado pelos vivos, desde que o kiatense comprehendeu, purificando-se, que o homem não tem o direito de matar. Elevai, visitante, o vosso pensamento ao além, onde pairam os espiritos dos que aqui foram assassinados em nome da justiça».

Paterson sahiu arrepiado. Conservar aquelle odioso e vil instrumento, como uma pagina de historia antiga, só esta gente!

Chegando ao hotel, trocava idéas com Robert.