O reino de Kiato
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que se conservavam vestidas todo o anno e, nos claros, canteiros de todos os feitios, emmoldurados por uma grama de folhinhas meudas, cujas nervuras pareciam de ouro. Dentro das molduras verde-gaio, formando losangos, quadrilateros, trapezios, cresciam rosas, jacynthos, lyrios, tulipas, de um vigor, frescura e perfume em tudo differentes do que até então tinha visto em outras partes do mundo. Paterson parou, impressionado pelas cores vivas das corollas e pelo suavissimo perfume que dellas se evolava. Havia ali flores qne não conhecia.

O viço dos vegetaes estava de perfeito accordo com o vigor dos homens.

Uma roseira, sobretudo, prendia a sua attenção. Era uma rosacea, anã, de longos aculeos curvos e acerados, foliolos pequenos, com o limbo luzente, como prateado.

A flor era exquisita e curiosa. Tinha corolla de um sem numero de petalas azul ferrete, quasi negro, como que brunidas, com reflexos metallicos, e no centro os orgãos de reproducção, alvos como arminho; engastava-se num pedunculo curto, envolvida num ambiente de delicado e subtil perfume.

Seus olhos não se cansavam de mirar aquella belleza, quando viram outra belleza suspensa de um galho da roseira.

Era uma crysallida, uma joia que resplendia aos raios do sol.

Quiz apossar-se della, mas conteve-se; seria um crime de prisão ou de degredo. Contentou-se com se aproximar quanto poude e de perto apreciar aquella maravilha da natureza. Embevecido ficou quando viu que a tunica que envolvia a nympha, em seu somno de crysallida, era uma joia de subido valor, como artista algum havia imaginado.