O reino de Kiato
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zendo : — E’ estranho que homens que negam o poder creador de Deus arroguem-se o poder de crear enguias».

Em discussões e experiencias passaram-se os seculos XVII e XVIII; já no meiado do seculo XIX, Pasteur matou a questão da geração espontanea. Teve de bater-se com inimigos do valor de Pouchet, Joly e outros. Todas as suas experiencias se baseavam no methodo experimental. O microscopio prestava-lhe grandes serviços. A fauna e a flora atmosphericas, até então ignoradas, faziam-lhe revelações estupendas. Antagonistas contradiziam-nos allegando, baseados em factos mal observados, o apparecimento da vida, a fermentação em liquidos asepticos em presença do ar atmospherico. Os infinitamente pequenos eram a causa da fermentação — affirmava Pasteur.

Pouchet negava aquella asserção firmado num facto por elle observado nas planicies da Sicilia, no Etna, e no mar. Affirmava que a atmosphera era propria á genese organica em toda a parte, nas cidades as mais populosas, na vastidão dos mares, nas maiores altitudes. Num decimetro cubico de ar do cimo do Hymalaia ou da rua mais central de Londres obter-se-ia a geração de legiões de microzoarios ou de mucidinéas.

Pasteur aprofundava cada vez mais os seus estudos sobre a fermentação, os quaes dariam em resultado provas irrefutaveis contra a pretendida heterogenia ou geração espontanea. Chegou ao conhecimento de que ha seres microscopicos, que vivem sem ar — os chamados «anaerobios», e seres aos quaes o ar é indispensavel á vida — os «aerobios».

Convencido de que o instincto da conservação é innato, o que se vê até nos animaes unicellulares, assistiu á