Não tremas, não, não tremas! Toda a cobardia
É indigna d’um rei que affronta cada dia
Seus subditos fieis
Co’o cynismo mais vil
A deturpar as leis.

Tens defronte de ti um filho da Amazonia,
Da Amazonia gigante,
Que não teme do odio teu toda a acrimonia
E que vae te fallar em verso altisonante.

Vaes ser o reu, monarcha, ó mísero leproso,
Que te curvas, gemendo, ao tumulo, gottoso,
Roído do amargor
Que te deve causar na pôdre consciencia
Tristeza sem egual, ao veres a innocencia
Soffrer do captiveiro a lancinante dôr!...

Quem te accusa?... Adivinha, vamos! por quem és!...
Se és capaz, adivinha, ó sabio dos mais bravos...
Não pódes!... Eu t’o digo: — É quem te roja aos pés,
É quem desprezas, rei...
São todos os escravos!