Era um homem que orçava pelos cinquenta anos, baixo e calvo, de rosto largo e feições grosseiras, mas não vulgares. A fronte proeminente e espaçosa parecia debuxada no chinó frisado que lhe cobria o crânio despido. De vez em quando um riso mordaz perpassando-lhe nos lábios aprofundava os dois sulcos das bochechas, e derramava em seu rosto a expressão desse frio ceticismo, que atira o homem na materialidade para crer e sentir alguma cousa.

Gozava Lopes da reputação de um dos mais brilhantes talentos políticos daquela época, o que lhe valera o título de conselheiro, então menos relaxado do que atualmente. Seus amigos acreditavam que na primeira organização lhe seria confiada uma pasta, e das mais importantes. Quando se falava nisso, o futuro ministro regurgitava de importância, e derramava em torno um ar de proteção. Nesse tempo ainda não tinham os políticos adquirido o sestro das loureiras, que mostram desdém pelo que mais cobiçam.

A amizade íntima que existia entre o conselheiro e o barão datava de muitos anos e nascera de uma circunstância curiosa, que naturalmente foi revelada pelo ministro de que trata a anedota. Há