pouca ou nenhuma parte tomara nos folguedos e divertimentos em que se passara o intermédio do Natal ao Ano-Bom.
Imagine-se pois qual devia ser o contentamento de Alice vendo aparecer o moço no jardim. Correu a seu encontro desfeita em risos e tão alvoraçada de prazer, que não reparou na estranha fisionomia que tinha Mário naquele momento. Sob a máscara polida que a educação impõe ao homem da boa sociedade, via-se brilhar em seus olhos o lívido lampejo da tormenta, e borbulhar em seus lábios a gota de fel.
— Já sei que vem me ajudar a fazer um ramalhete para esta noite! De que há de ser, de violetas ou de cravos brancos?
— O Senhor Frederico é mais próprio para essa tarefa. Não quero usurpar direitos alheios!
O tom, mais do que as palavras, feriu o coração de Alice, magoada pelo frio desdém com que Mário lhe respondia.
— Enfadou-se comigo!
— Enfadar-me por tão pouco... Não, senhora; era preciso que não tivesse outras cousas e bem sérias para ocupar-me o espírito.