— Mais tarde, quando sucedeu a desgraça que o privou de seu pai e a mim do único amigo, quase irmão, esse gracejo de nossa mocidade tornou-se um voto. Fiz à memória de Figueira a promessa de cumprir seu desejo, e no dia em que você, Mário, salvou Alice, eu selei aquela promessa com um juramento. Fazem agora sete anos que eu espero com ansiedade o momento de realizar esse voto; tinha medo de morrer sem cumprir meu juramento. O momento chegou...

Pela primeira vez o barão pôs os olhos no semblante do mancebo:

— Alice o ama; ela é sua, Mário!

Ouvindo estas palavras, que ele pressentira antes de pronunciadas, um choque rápido percutiu o mancebo. Suas pálpebras cerradas ocultaram por um instante o abrasado olhar; nas faces subitamente incrustadas em uma lividez marmórea, ardia e se apagava uma nódoa rúbida, que mostrava o ímpeto do fluxo e refluxo do sangue no coração.

Ninguém imaginaria a luta violenta que se travou n'alma de Mário, sob a máscara de uma fisionomia embotada.