Uraguay 91

Delicia do ſeu povo e dos humanos.
Príncipes, o ſeu ſangue é voſſa offenſa.
Novos crimes[1] prepara o horrendo monſtro.
Armai o braço vingador: deſcreva
Seus tortos ſucos o luzente arado
Sobre o ſeu trono[2]; nem aos tardos netos
O lugar, em que foi, moſtrar-ſe poſſa.
Vião-ſe ao longe errantes e eſpalhados
Pelo mundo os ſeus filhos ir lançando
Os fundamentos do eſperado Imperio
De dous em dous: ou ſobre os coroados

  1. Novos crimes. Tagão-ſe á memória a tarde de 5 de Janeiro, e a noite de 3 de Setembro tão funeſtas para França, e Portugal, e que podiam cobrir de luto eſtas duas Monarquias.
  2. O ſeu throno. O throno da Companhia eſtá em Roma. Lá é o centro do ſeu poder. Alli recebe o ſeu Geral os aviſos do que ſe paſſa em todas as partes do Mundo: e dalli com o maior deſpotiſmo envia as suas ordens ao fim da terra. Exterminalla das outras Provincias he fazer-lhe guerra pela rama: he neceſſario cortar-lhe a raiz. Ora os teſouros das duas Indias ajudavão muito a ſuſtentar o credito dos Jeſuitas em Roma. Affortunadamente as presentes diſpoſições todas annuncião a proxima total extinção daquelle Corpo.