não encontram a caça e a pesca das coutadas e viveiros dos grandes proprietários. Desta arte são considerados uma verdadeira praga e convém não esquecer que mais grave se tornará a situação quando a esses milhões de párias se adicionar o 1,5 milhão de escravos, que hoje formam o núcleo das grandes fazendas.”

Essas palavras insuspeitas de uma assembleia escravagista descrevem a obra da escravidão: onde ela chega queima as florestas, minera e esgota o solo e, quando levanta as suas tendas, deixa após de si um país devastado em que consegue vegetar uma população miserável de proletários nômades.

O que se dá no Rio de Janeiro dá-se em todas as outras províncias onde a escravidão se implantou. André Rebouças, descrevendo o estado atual do Recôncavo da Bahia, esse antigo paraíso do tráfico, fez o quadro da triste condição dos terrenos, ainda os mais férteis, por onde passa aquela praga. [1] Quem vai embarcado a Nazaré e para em Jaguaripe e Maragogipinho, ou vai pela estrada de ferro a Alagoinhas, e além, vê que a escravidão, ainda mesmo vivificada e alentada pelo vapor e pela locomotiva, é em si um princípio de morte inevitável mais ou menos lenta. Não há à margem do rio, nem da estrada, senão sinais de vida decadente e de atrofia em começo. A indústria grosseira do barro é explorada, em alguns lugares, do modo o mais primitivo; em Jaguaripe os edifícios antigos, como a igreja, do

  1. Garantia de juros, p. 202.