cada vez menos preparada para o receber; é que a instrução popular, na Corte como nas províncias, não passa de um desideratum.

Aí está o efeito, sem aparecer a causa, como em todos os inúmeros casos em que os efeitos da escravidão são apontados entre nós. Um lavrador fluminense, por exemplo, o Sr. Paes Leme, foi em 1876 aos Estados Unidos comissionado pelo nosso governo: escreveu relatórios sobre o que viu e observou na América do Norte; pronunciou discursos na Assembleia Provincial do Rio de Janeiro, que são ainda o resultado daquela viagem; e nunca lhe ocorreu, nos diferentes paralelos que fez entre o estado do Brasil e o da grande república, atribuir à escravidão uma parte sequer do nosso atraso. O mesmo se dá com toda a literatura política, liberal ou republicana, em que um fator da ordem da escravidão figura como um órgão rudimentar e inerte.

Entre as forças cuja aparição ela impediu está a opinião pública, a consciência de um destino nacional. Não há com a escravidão essa força poderosa chamada opinião pública, ao mesmo tempo alavanca e o ponto de apoio das individualidades que representam o que há de mais adiantado no país. A escravidão, como é incompatível com a imigração espontânea, também não consente o influxo das ideias novas. Incapaz de invenção, ela é igualmente refratária ao progresso. Não é dessa opinião pública que sustentou os negreiros contra os Andradas, isto é, da soma dos interesses coligados que se trata, porque