encoberta ou adiada pelo crédito, está muito perto de o ser, e – se durar a escravidão – há de sê-lo. A escravidão tirou-nos o hábito de trabalhar para alimentar-nos; mas não nos tirou o instinto nem a necessidade da conservação, e esta há de criar novamente a energia atrofiada.
Se, por outro lado, a escravidão devesse forçosamente ser prolongada por todo o seu prazo atual, os brasileiros educados nos princípios liberais do século deveriam logo resignar-se a mudar de pátria. Mas, e esta é a firme crença de todos nós que a combatemos, a escravidão em vez de impelir-nos retém-nos: em vez de ser uma causa de progresso e expansão, impede o crescimento natural do país. Deixá-la dissolver-se e desaparecer insensivelmente como ela pretende é manter um foco de infecção moral permanente no meio da sociedade durante duas gerações mais, tornando por longo tempo endêmico o servilismo e a exploração do homem pelo homem, em todo o nosso território.
O que esse regime representa já o sabemos: moralmente, é a destruição de todos os princípios e fundamentos da moralidade religiosa ou positiva – a família, a propriedade, a solidariedade social, a aspiração humanitária: politicamente, é o servilismo, a degradação do povo, a doença do funcionalismo, o enfraquecimento do amor da pátria, a divisão do interior em feudos, cada um com o seu regime penal, o seu sistema de provas, a sua inviolabilidade perante a polícia e a justiça; economicamente, socialmente, é