todo o seu sistema político e social, e, segundo, com esta guerra terrível e desastrosa”? Uma guerra em que o Brasil entrasse contra um povo livre, com a sua bandeira ainda tisnada pela escravidão, poria instintivamente as simpatias liberais do mundo do lado contrário ao nosso; e uma nação de grande inteligência nativa, livre da praga do militarismo político e das guerras civis sul-americanas, branda e suave de coração, pacífica e generosa, seria por causa desse mercado de escravos que ninguém tem coragem de fechar considerada mais retrógrada e atrasada do que outros países que não gozam das mesmas liberdades individuais, não têm a mesma cultura intelectual, o mesmo desinteresse, nem o mesmo espírito de democracia e igualdade que ela.
Escrevi este volume pensando no Brasil, e somente no Brasil, sem ódio nem ressentimento, e sem descobrir em mim mesmo contra quem quer fosse um átomo consciente dessa inveja que Antônio Carlos disse ser “o ingrediente principal de que são amassadas nossas almas”. Ataquei abusos, vícios, práticas; denunciei um regime todo, e por isso terei ofendido os que se identificam com ele; mas não se pode combater um interesse da magnitude e da ordem da escravidão sem dizer o que ele é. Os senhores são os primeiros a qualificar, como eu próprio, a instituição com cuja sorte se entrelaçaram as suas fortunas; a diferença está somente em que eu sustento que um regime nacional, assim unanimemente condenado, não deve