oar-se pelo corredor escuro e a entrar no jar-dim, voltara de repente a cara e dera ao pé de si com os dois cavaleiros que o escutavam.

— Que dizias tu de Dulce, bufão? - perguntou o conde com gesto severo e lançando de relance os olhos para Garcia Bermudes.

O bobo leu no aspecto de Fernando Peres que se achava num daqueles trances arriscados, em que as suas injúrias em vez de aplausos só lhe acarretavam maus tratos. Todavia o dito estava dito. Pôs-se a mirar os balegões dos cavaleiros: eram de pele de gamo e de sola delgada, revirados na ponta em compridos bicos, segundo a moda do tempo. Fez rapidamente o seguinte dilema: ou a extrema ousadia me salva, ou o que já disse me perde. Em todo o caso, preso por mil, preso por mil e quinhentas. Avante! E fazendo uma profunda cortesia respondeu:

— Dizia esta humilde criatura que vós, mui nobre D. Garcia, sois parvo em perseguir com vossos ridículos amores a minha boa Dulce; e que vós, senhor conde de Galiza, nos faríeis especial mercê em irdes visitar as corujas do vosso castelo de Faro...

— Dom Bibas! - interrompeu o conde.

O bobo continuou:

— Deixando, com os vossos galegos brutais e com os vossos