soluços acorreu-se então à ténue e última esperança que lhe restava.
— Assassinos malditos, deixai-me! - gritou ele dando um empuxão aos dois mancebos que levou após si. E, agarrando-se à garnacha de Martim Eicha com toda a ânsia do susto e da desesperação, começou uma ladainha de súplicas:
— Boníssimo e reverendíssimo senhor capelão-mor, que vossa virtuosa reverência valha a um miserável jogral, que a terra de ante vossos pés beija! É dos caridosos e de grande coração perdoar aos que os ofenderam. Eu tenho pecado contra vós. Peccavi! Estou contrito. Contritus sum! Pedi por mim, santíssimo e venerabilíssimo padre. Ninguém me incitou para dizer o que disse. Foi o diabo que me tentou. Abrenuntio!... Podeis asseverá-lo a meu ilustre senhor, o nobre conde de Trava!...
— Filho - respondeu Martim Eicha, fazendo um ademã entre hipócrita e de escárnio -, o castigo é muitas vezes caminho para o arrependimento. Resigna-te, meu filho. Se nisso não houvera vanglória, dir-te-ia que no sofrimento de injúrias podias aprender de mim a ser resignado.
Proferindo estas palavras, Martim Eicha alcançara soltar o vestido das mãos do bobo, e