e começou a ler. Entretanto o Lidador fitou os olhos no peão, cuja voz lhe pareceu ter já muitas vezes ouvido.
— Pobre mancebo! - exclamou o abade, trémulo e empalidecendo.
— Quem? - interrompeu Gonçalo Mendes voltando-se para ele sobressaltado.
— Um cavaleiro - replicou Fr. Hilarião - que amei como filho; e que o desejo de oferecer à dama que requestava um nome glorioso levou à Palestina. Só talvez eu soube a causa da sua partida, de que muitas vezes tentei dissuadi-lo; porque previa o que sucedeu. Oh, que enquanto o pobre trovador assim morria por Dulce, ela folgava em seus novos amores com Garcia Bermudes. - Mulheres, mulheres!
— Egas Moniz é, pois, morto? - interrompeu tristemente o Lidador, que das palavras do abade conhecera de quem era a carta. - Mensageiro, que dizes tu? Sabes certo que é finado?
Um gemido involuntário do peão, que recuara ouvindo as palavras do abade, fora a causa desta pergunta.
— Digo-vos, senhor - tornou o peão com voz afogada - que ora é ele morto.
Mas o cavaleiro não reparou na sua perturbação: