Dulce. Terror inexplicável se apossara dela, como se houvera de ser aquela a última vez que visse o cavaleiro.

— Parte pois - disse com voz débil - mas ama-me sempre muito!

Egas então caindo a seus pés, e pegando-lhe na mão com uma alegria que tocava quase as raias da loucura, cobriu-lha de beijos.

— Oh, amar-te!? - dizia ele. - Mil vezes mais que a vida; cem vezes mais que a honra de cavaleiro! Amanhã! Amanhã... e para sempre!

E erguendo-se rapidamente desapareceu no passadiço escuro, que dava saída para a corredoura.

Dulce parecia petrificada olhando para o sítio por onde Egas saíra, como quem tentava ainda descobrir a sua imagem, escutar a sua voz, no meio das trevas da noite e do silêncio profundo que a rodeava.

Não ouviu, porém, mais que o tropear de um cavalo que partia a galope, nem viu mais que a luz reflexa da sala do banquete que, batendo pelo interior das muralhas do castelo, tingia um grande lanço da cerca com a claridade baça e variegada, que jorrava pelas vidraças de mil cores do festivo aposento.

Dulce ajoelhou e, alevantando as mãos juntas