mas que ainda faziam realçar os ricos trajos que naquele dia vestira. Eram estes um epitógio de grisisco orlado de peles mosqueadas, e apertado com um cordão entrançado de prata e seda de várias cores; uma coifa ou rede, adornada de pedras preciosas que lhe retinha as longas tranças; um colar de ouro, o qual lhe caía sobre a camisa de ranzal alvíssimo, que em pregas miúdas lhe vinha fechar na garganta; e um amplo manto de ciclatão vermelho, que pendente dos ombros lhe rojava pelo chão. Com este vestuário, e no porte e meneios altivos, a rainha trazia de certo modo à lembrança a nobre e majestosa figura de seu pai, o grande Afonso VI.
A causa desta repentina mudança estava nas novas que haviam chegado poucas horas antes. A audácia do infante, a licença desenfreada com que os seus homens de armas assolavam as vilas e honras do infantático, isto é, do que constituía propriamente o apanágio de D. Teresa, as violências que praticavam contra os vilões e homens de criação desses mesmos testamentos ou herdades, o furor com que derribavam os seus castros ou lugares fortificados, e sobretudo a intenção com que, segundo afirmavam os espias, o