mesa ao começar do banquete. Era o do novo alferes-mor. Este, desde que se apartara do conde, ninguém mais o tinha visto.
Muito havia já que era noite, e as taças, que os escanções, correndo por detrás das longas fileiras de cavaleiros com os pichéis nas mãos, enchiam de novo apenas, eram esgotadas, começavam a fazer seu ofício: as frontes iam-se pouco a pouco desenrugando e soltando-se as línguas. Nos banquetes daquela idade rude e feroz às vezes o sangue corria como pospasto, e quase sempre a conclusão do festim era uma orgia infernal em que o convívio se tornava em cena abjecta de embriaguez. Não era raro em semelhantes ocasiões ver os paços dos nobres, e ainda dos reis, convertidos numa cousa hedionda e duvidosa entre a taberna e o prostíbulo, em que os filhos dos bem-nascidos mostravam que a distância moral, que eles supunham separá-los da mais vil gentalha, na realidade não existia. Se, porém, os longos e sanguinolentos homizios entre linhagem e linhagem se originavam facilmente das festas mais pacíficas, em meio das taças cheias pela mão de cordial hospitalidade, muito mais de recear era alguma rixa funesta entre homens que guardavam no coração, uns contra os outros, os