hémina [1], incerteza que se convertia em confusão completa ante as copas de prata de um jantar opíparo, o haviam incitado a imitar o santo monge; e quando o banquete começou a aproximar-se do seu termo, Gonçalo Mendes, com aquela filosofia e equanimidade, que inspira às vezes o sumo da vide, parecia arrostar alegremente com o olhar malévolo da rainha e com as demonstrações de favor que dava aos senhores seus parciais, favores que antes eram uma injúria para aqueles que se mostravam favoráveis às pretensões do infante, que uma recompensa da fidelidade a ela. O licor de Baco, como diria um poeta da Arcádia, fizera, porém, mais do que isso: fizera soltar a língua do Lidador, e, sem saber como, ele se achou envolvido numa disputa com Veremudo Peres, a qual chamara a atenção não só dos cavaleiros que se achavam mais próximos, mas até do conde de Trava e de D. Teresa.
- ↑ A émina era uma certa medida pela qual se devia regular a ração de vinho que tocava diariamente a cada monge segundo a regra de S. Bento. Sobre a capacidade d’esta medida houve grandissimas questões que, como é de suppôr, nunca os benedictinos puderam bem resolver.