que dava de chapa na parede fronteira, pareceu-lhe divisar nesta os vestígios de uma porta entaipada. A curiosidade o incitou a fazer mais atenta averiguação. Não se enganara. À força de tempo e diligências pôde abrir suficiente passagem para o esconderijo que achara. Era este um daqueles caminhos subterrâneos, comuns em quase todos os castelos da Idade Média, por onde nas últimas estreitezas os defensores dos lugares fortificados alcançavam salvar-se quando a resistência se tornava impossível. Este caminho, que parecia pertencer à fundação primitiva do Castelo de D. Muma, fora provavelmente condenado como inútil quando o genro de Afonso VI lançara em roda dos seus paços soberbos uma cinta de muros e torres inexpugnáveis.
Nunca Dom Bibas revelara o descobrimento casual que fizera. Este homem, que nada possuía, quisera ao menos possuir um segredo. E na presente ocasião aquela inocente avareza lhe punha nas mãos um rico tesouro: o cumprimento dos seus vingativos desejos. A entrada do subterrâneo era longe, e o bobo atravessando-a algumas vezes tivera o cuidado de tornar ainda mais cerradas as balças, sarças e troncos que a encobriam. A ideia que