— Depois de três anos de ausência - disse com visível agitação - voltei a Portugal para servir na paz ou defender na guerra o filho de meu senhor. Como o ceifeiro que abandonasse a seara quando as espigas se lhe ofereciam mais bastas e formosas, assim eu abandonei as pelejas da Terra Santa quando mais douradas esperanças me prometiam larga colheita de glória. Fi-lo por ser leal a meu preito e à fraternidade das armas. Dizei vós se o infante de Portugal me deve por isso algum prémio.
Afonso Henriques fez sinal de silêncio estendendo a mão para o senhor de Cresconhe, que ia talvez repreender seu primo desta intempestiva preten são, e respondeu:
— Não precisais de requerer aos filhos dos bem-nascidos que julguem vossa demanda, como é foro de Espanha. Confesso o direito que tendes, e juro que a recompensa será qual vós a pedirdes.
— Ouvistes, senhores prelados e barões? - interrompeu Egas com viveza. - É um juramento de infante. O galardão que peço é que me deixeis seguir esta aventura da embaixada. Não podeis já refusar-mo.
— Seja assim pois - replicou o infante -, e a mãe de Deus e o santo apóstolo das Espanhas vos