de Leão os condados de Portugal e Coimbra como feudos reais, e então, arrancando a máscara de um amor que expiara, usaria como senhor do poder que muitas vezes se via constrangido a deixar vacilante nas fracas mãos da infanta-rainha.
No meio de semelhantes reflexões o conde não se esquecera do mensageiro cativo. No seu ódio contra a família de Riba de Douro, ódio que naquele momento parecia acumular-se todo sobre a cabeça do desgraçado mancebo, não lhe bastava assassiná-lo: era preciso ajuntar à morte a ignomínia; por isso o condenava ao suplício dos peões e servos. O cadáver de Egas, pendurado dos muros do castelo, seria uma prova terrível de que entre o infante e a rainha estava o senhor de Trava; e que a significação deste nome era a de uma guerra de extermínio.
Na série dos pensamentos que em turbilhões passavam pelo espírito de Fernando Peres, surgiu um, tenebroso e maldito, que fez sorrir o perverso. Era um oásis em que a sua alma, correndo despeada por deserto ardente de temores, incertezas e agonias, se reclinava para repousar voluptuosamente. O momento de entregar Dulce nos braços de Garcia Bermudes tinha, finalmente, chegado.