e pouco tardou que as outras torres lhe correspondessem acendendo as suas. O trovador não as via; mas a luz avermelhada dos fachos resinosos, jorrando do alto, caiu obliquamente no fundo encharcado do fosso e reflectiu-se pelas troneiras na abóbada da masmorra. Do meio das trevas, recalcadas por essa claridade frouxa para o pavimento da quadra, Egas distinguia a argola brilhante da polé, semelhante ao olho reluzente de um demónio, que mirava atento o pobre cativo como se lidasse por enxergá-lo nas trevas.
De repente uma estrupida de cavalos, um tinir de espadas roçando por armaduras, a princípio de poucos, depois de mais, depois de muitos, veio distrair a atenção do trovador que, fascinado por aquele olhar maldito da polé, não despregava dela a vista. Este novo ruído soava da banda do portal do castelo, e à luz triste das almenaras Egas viu passar como sombras além do fosso um fio de cavaleiros, que despegando ao que parecia da ponte levadiça se dirigiam ao burgo. Era uma cena rápida e fantástica o coriscar contínuo e fugitivo dos capelos de ferro e das lanças aprumadas, e o desaparecer dos meios corpos dos homens de armas, que a aresta da cárcova apenas deixava descortinar. Aquela linha de