penetrava no calabouço, como em igreja deserta os raios da luz das tochas penetram pelas juntas mal unidas do ataúde à roda do qual ardem os brandões gigantes. Às vezes dentro do ataúde há ainda vida, como a havia no negro calabouço; mas o que aí faltava, como na tumba da igreja, era um raio de esperança.
Passara mais de uma hora. A calada da noite fora apenas interrompida por algum raro correr de ginete atravessando a ponte levadiça, e pelo sussurro do falar e mover de muitos homens para o lado do burgo; sussurro quase imperceptível, mas que às vezes estrepitava como um trovejar ao longe. Então o cavaleiro escutava aquele som confuso como o enfermo que se revolve em seu leito e crê achar alívio nessa mudança de situação.
Foi numa destas ocasiões, em que o remoto ruído suão era mais perceptível, que uma pequena porta sumida em um canto obscuro do cárcere começou a abrir-se mansamente, e deu passagem a alguém que descia para aquele tenebroso aposento.
Era um vulto de mulher. Alvejavam-lhe as roupas flutuantes à luz de uma tocha que trazia na mão, e os seus passos, posto que rápidos,