povo, guiado por ti, Senhor, obtenha paz no meio das gentes[1].
Ao acabar esta oração um leve ruído de aplauso sussurrou pelas naves, mas logo morreu em atento silêncio. Fr. Hilarião continuou:
— Invocamos-te, Senhor, para que sejas propício às nossas preces, tu que és o rei dos reis, e o dominador dos que imperam. Volve olhos benignos para o nosso príncipe D. Afonso...
Ao repetir deste nome, proferido em voz mais alta, um brado de muitos brados retumbou pelas naves do antigo templo de D. Muma: o povo que o enchia escoou-se lentamente pelo escuro portal, e as aclamações ao infante, restrugindo no terreno contíguo, vieram reboar de novo pelas sacrossantas abóbadas.
Os homens de rua e os vilões, vendo o castelo e o mosteiro declararem-se pelo filho do conde Henrique - revoltar-se a torre de menagem e o ritual -, entenderam que o burgo, assentado aos pés dos dois símbolos da força e da inteligência, devia imitá-los. Dentro de poucos minutos pelas vielas da povoação corriam
- ↑ Em todas as circumstancias d’esta cerimonia religiosa seguimos rigorosa e textualmente o ritual de Silos de 1050, publicado por Berganza.