meio da revolta a espada ardente do Lidador lhe tinha passado faiscando pelo arnês, uma abolando-lhe o elmo outra desfazendo-lhe as malhas do saio, sem que ele mostrasse ter sentido o mínimo abalo. Duas estocadas dirigidas ao peito do senhor da Maia, e habilmente varridas por este, haviam respondido às duas cutiladas. Depois os duros guerreiros tinham-se afastado um do outro para se interporem onde viam fraquejar algum do seu lado.
Um português caiu por fim. Havia-o derribado o chefe contrário. No alto do estrado, de pé, imóvel, com os olhos revendo ira e sulcados de raios de sangue, o senhor de Trava, o nobre conde de Portugal e de Coimbra, contemplava fito aquele turbilhão que se agitava na arena, torcendo a espaços a boca para alcançar com os dentes os longos bigodes que mordia. Quando o cavaleiro português caiu o contraste de súbita alegria com a irritação mal reprimida arrancou-lhe um grito rouco e abafado:
— Bem, Bermudo, bem!
Todos os olhos dos cortesãos se cravaram no conde, que imprudentemente revelava o nome do cavaleiro. Mas uma nova circunstância veio distrair a atenção dos espectadores. O combate equilibrava-se. Dos quatro companheiros do Lidador que com ele