país, devia em três séculos pôr manietados aos pés dos reis a aristocracia e a teocracia. Os imperantes supremos, enfarados já na caça, que abasteceria de futuro as mesas dos banquetes triunfais dos seus sucessores, atrelavam perto dela os lebréus: punham o concelho ao pé do castelo, do mosteiro e da catedral. Guimarães breve obteve do conde um foral, uma carta de município, tudo pro bono pacis, como reza o respectivo documento.
É nesta alcáçova, cingida das suas fortificações lustrosas, virgens, elegantes, e todavia formidáveis, onde a nossa história começa. Habitavam então nela a mui virtuosa dona, e honrada rainha, D. Teresa, infanta dos Portugueses, e o mui nobre e excelente senhor Fernando Peres, conde de Trava, cônsul da terra portugalense e da colimbriense, alcaide-mor na Galiza do Castelo de Faro, e em Portugal dos de Santa Ovaia e de Soure. Era ele a primeira personagem da corte de Guimarães depois de D. Teresa, a formosíssima infanta, para nos servirmos do epíteto que em seus diplomas lhe dava o conde D. Henrique, o qual devia saber perfeitamente se esta denominação lhe quadrava. Apesar de entrada em anos, não cremos que, na época a que se refere a nossa narrativa, este epíteto fosse