conde de Trava os riscos da sua situação. Atormentado pelos receios do desfecho da luta em que lhe era forçoso entrar, tinha-se revolvido toda a noite no seu leito, sem poder dormir, ora arrependendo-se de haver tratado tão duramente o moço Afonso Henriques, ora fervendo-lhe na alma desejos de vingança atroz contra o mancebo e contra os barões de Portugal, que sucessivamente se declaravam pelo bando do infante. A ideia de se ver cercado em Guimarães por aquele mesmo a quem meses antes fazia esgotar até às fezes o cálix da humilhação acendia-lhe o orgulho e a cólera a ponto indizível. Então punha-se a calcular as probabilidades de uma batalha cam-pal. Tinha consigo mil lanças entre cavaleiros de Galiza e de Aragão: muitos ricos-homens de Portugal parecia conservarem-se fiéis, não a ele, mas a D. Teresa; e os borgonheses, companheiros do conde Henrique, educados nas ideias da absoluta lealdade, e investidos pela maior parte em tenências de terras e em alcaidarias de castelos, davam-lhe toda a certeza de que não abandonariam aquela de quem as tinham recebido.
Com estes elementos diversos ele podia ir em arrancada contra a hoste de D. Afonso, superior talvez em peonagem e besteiros, mas assaz