Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/105

formava com a banda fronteira um admiravel contraste.

Quando Luizinha, da areia do rio onde se sentára a descansar, se dispunha a levantar-se para tornar á casa, deu com os olhos em um homem que da borda do mato a observava em silencio com tal interesse que parecia querer attrahil-a a si com a vista.

Sem demora correu ella ao pote, mas já foi tarde. Formando um pulo do outro lado do rio onde estava, o desconhecido veiu cahir no mesmo instante entre ella e a vasilha, sem perder, no rapido vôo, uma só das armas com que se achava apercebido.

— Em vão, meu bem, pretendes fugir-me. Antes que o diabo esfregasse um olho, eis-me aqui ao pé de ti, disposto a não te deixar ir embora sinão por minha livre vontade.

O sitio era inteiramente deserto, e as trevas da noite não tardavam a envolver de todo a natureza.

Luizinha, lançando os olhos pela margem afóra, não viu viva alma. Teve então tamanho medo, que involuntariamente cahiu sentada aos pés do terrivel desconhecido. Lembrou-se de gritar por soccorro, mas logo viu que seria inutil esta tentativa, visto que as suas vozes se perdiriam no vasto ermo onde unicamente echoava o coaxar dos sapos