Liberato entendeu-se com tres ou quatro dos vizinhos mais proximos, e depois de lhes haver dado parte do golpe de que fôra victima na pessoa de seu irmão, propoz-lhes colligarem todas suas forças para tentarem a expulsão dos malfeitores. Não obstante haver por essa occasião recordado os damnos irreparaveis que a cada um desses vizinhos tinham elles occasionado, não houve um só que estivesse pela proposta do negro, tal era o terror de que todos se achavam penetrados.
Nenhum queria arriscar-se a pagar com a vida semelhante ousadia aconselhada aliás pelo instincto da propria conservação.
Liberato voltou á casa triste e desanimado, mas não dissuadido de tentar o assalto, unico meio que se lhe offerecia de vingar-se dos assassinos de Gabriel, e libertar-se do violento imposto que sobre sua fraca fortuna, já muito depauperada, os malvados faziam pesar sem tregoas nem piedade.
Concertou seu plano comsigo mesmo debaixo de rigoroso sigillo. Na tarde seguinte com o pretexto de tirar uma abelha e encovar tatús, encaminhou-se para a mata, acompanhado de seus dous filhos Ricardo e Sebastião, e de seu genro Vicente, todos apercebidos com espingardas, facões e chuços.