o pensamento concentrado em Luiza que, ten- do-se visto livre de suas mãos, corrêra em soccorro de Florinda.
— Minha mãi? minha mãi? chamára ella, abraçando o corpo da victima, e chorando como criança.
No seu prantear e no seu carpir, Luiza tivera todavia espirito para lembrar-se das ultimas palavras do Cabelleira. « Com pouco elle estará aqui outra vez, pensou ella. Deus me livre de que elle venha ainda encontrar-me neste ermo. Que seria de mim si tal acontecesse? Mas posso eu deixar aqui o corpo de minha mãi só e desamparado?! Não, não; não o deixarei ainda que me matem. Ficarei até que amanheça. Ha de apparecer alguem que me ajude a leval-o para casa. »
E afflicta, e consternada, Luiza olhára ao longo da margem a vêr si descobria quem a soccorresse. Por mais de uma vez uns vultos escuros moveram-se sobre a areia, á beira dos poços. Ella sentira então voltar-lhe o animo, fallára, perguntára quem estava alli, pedira que a fossem amparar em tamanha afflicção, mas ninguem a ouvira, ninguem acudira ao seu chamamento. Tudo fora illusão. Esses vultos foram as sombras das arvores movidas pelo vento, as quaes enganaram depois o bandido como vimos.