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Meu amigo.



Julgo de necessidade, para clareza de alguns pontos, e tua com­prehensão, additar a carta que precede esta historia.

Confirmo aqui tudo o que deixei dito no texto a respeito do meu protagonista.

Por mais extraordinario que pareça — elle na realidade não se mede pelos moldes vulgares e conhecidos — o Cabelleira não é uma ficção, não é um sonho, existiu, e acabou como aqui se diz.

Foi objecto de muitas trovas matutas e sertanejas, de episodios dramaticos e anecdotas acinte engendradas para amedrontar a baso­fios importunos, e pôr em fugida fanfarrões arrogantes. Esta parte, por assim dizermos, comica da vida do notabilissimo bandido, será assumpto de outro livro.

Si entrasse neste, desdiria da sua idéa capital, philosophica, so­cial, e obrigar-me-hia a proporções que não imaginei para o meu trabalho por me parecerem excessivas nos que afinam pela cra­veira delle.

Não obstante terem sido numerosas as trovas de que foram assumpto sua vida e morte, e haver eu mettido as minhas melhores forças por conseguir todas ellas, ou pelo menos tantas quantas bastassem para dar, com uma noticia