Página:O cancioneiro portuguez da Vaticana (Zeitschrift für romanische Philologie, 1877).pdf/19

d’este apographo existente cum um codice mais completo, seguindo-se o confronto até á folha 300 d’esse codice perdido.

O confronto do Codice por meio da numeração romana não prosegue até ao fim; apenas se acha LXXXVJ junto da canção 4; LXXXVIIJ junto da Canção 14; LXXXVIIIJ junto da canção 26 fine; XCVJ junto da canção 39 a 45; XCVIIJ coincide com a referencia anterior, junto da canção 49; XCVIIIJ á canção 55; CXII á 62; CXIIIJ á canção 70; CXVIJ á canção 77. Esta numeração romana adianta-se aqui mais do que a arabe, signal de que havia divergencia entre os dois codices que serviam para confrontação com o apographo publicado. É certo porem, que a numeração romana termina antes do corpo das canções de el-rei Dom Diniz, d’onde se poderá inferir, que até esta parte contribuiu um cancioneiro parcial, e que de Dom Diniz só entrava no que era numerado em algarismos. Que existiam diversos cancioneiros, pelas mesmas canções d’este codice se pode conhecer, como pela canção de D. Affonso de Castella (canç. 76) em que allude ao Livro dos Sons, que era um cancioneiro com que o Dayão de Cales seduzia as mulheres. Na sua edição Monaci deixou apontados em um indice fundamental todas as canções repetidas no cancioneiro, ou aquellas que mutuamente se plagiavam. Da sua comparação se podem tirar poderosas inducções, para se estabelecer quantos pequenos cancioneiros haviam servido para formarem o cancioneiro grande, do qual o apographo publicado é uma copia. É o que vamos tentar.

Pequenos Cancioneiros que entraram na formação do Cancioneiro da Vaticano. — A canção 4, de Sancho Sanches, apparece repetida com mais duas estrophes e assignada por Pero da Ponte, sob o numero 569; a 2ª e 3ª strophes da versão de Pero da Ponte, faltam na canção de Sancho Sanches. As strophes communs têm as seguintes variantes:

Sazom foi já, que me teve em desdem (n°. 4)
Tal sazom foi, que me teve em desdem (nº. 569).

Que com’é mais j’agora seu amor (n°. 4)
Quando me mays forçava seu amor. (n°. 569).

E ora que pes’a mha senhor (n°. 4)
E ora mal que pes’a mha senhor (n°. 569).

Evidentemente estas duas canções foram colligidas de dois cancioneiros parciaes, e elles mesmos escriptos em grande parte de memoria.

A canção 13, de Mem Rodrigues Tenoyro, têm apenas uma estrophe, mas repete-se sob o numero 319 com o nome do mesmo trovador e com mais duas estrophes que a completam. Deve attribuir-se essa divergencia ao ter sido colligida de dois cancioneiros, formado por diversos collecctores.

A canção 29, assignada por João de Guilhade, repete-se sob