gestos com o olhar, inquieta, que nem um cão que, ao lado do dono, procura adivinhar-lhe as intenções.

— ‘Stá bem, filha, não vais tratar do teu serviço?...

— Não te dê isso cuidado! Não parou o trabalho! Pedi à Leocádia que me esfregasse a roupa. Ela hoje tinha pouco que fazer e...

— Andaste mal...

— Ora! Não há três dias que fiz outro tanto por ela... E demais, não foi que tivesse o homem doente, era a calaçaria do capinzal!

— Bom, bom, filha! não digas mal da vida alheia! Melhor seria que estivesses à tua tina em vez de ficar ai a murmurar do próximo... Anda! vai tomar conta das tuas obrigações.

— Mas estou-te a dizer que não há transtorno!...

— Transtorno já é estar eu parado; e o pior será pararem os dois!

— Eu queria ficar a teu lado, Jeromo!

— E eu acho que isso é tolice! Vai! anda!

Ela ia retirar-se, como um animal enxotado, quando deu com a Rita, que entrava muito ligeira e sacudida, trazendo na mão a fumegante palangana de café com parati e no ombro um cobertor grosso para dar um suadouro ao doente.

— Ah! fez Piedade, sem encontrar uma palavra para a mulata.

E deixou-se ficar.

Rita, despreocupadamente, alegre e benfazeja como sempre, pousou a vasilha sobre a cômoda do oratório e abriu o cobertor.