— A pequena já não precisa de colégio! deixe-a cá comigo, que nada lhe faltará!

— Separar-me de minha filha? a única pessoa que me resta?!

— Ó mulher! você não está separada dela a semana inteira?... Pois a pequena, em vez de ficar no colégio, fica aqui, e aos domingos irá vê-la. Ora aí tem!

— Eu quero antes ficar com minha mãe!... balbuciou a menina, abraçando-se a Piedade.

— Ah! também tu, ingrata, já me fazes guerra?! Pois vão com todos os diabos! e não me tornem cá para me ferver o sangue, que já tenho de sobra com que arreliar-me!

— Vamos daqui! gritou a portuguesa, travando da filha pelo braço. Maldita a hora em que vim cá!

E as duas, mãe e filha, desapareceram; enquanto Jerônimo, passeando de um para outro lado, monologava, furioso sob a fermentação do vinho.

Rita não se metera na contenda, nem se mostrara a favor de nenhuma das partes. "O homem, se quisesse voltar para junto da mulher, que voltasse! Ela não o prenderia, porque amor não era obrigado!"

Depois de falar só por muito espaço, o cavouqueiro atirou-se a uma cadeira, despejou sombrio dois dedos de laranjinha num copo e bebeu-os de um trago.

— Arre! Assim também não!

A mulata então aproximou-se dele, por detrás; segurou-lhe a cabeça entre as mãos e beijou-o na boca, arredando com os lábios a espessura dos bigodes.