de que os negócios não lhe corriam bem; mas calou-se, porque o Botelho acrescentou com o olhar fito nas unhas:
— Não devia falar nisto... são coisas suas lá particulares, em que a gente não se mete, mas...
O taberneiro compreendeu logo onde a visita queria chegar e aproximou-se dele, dizendo confidencialmente:
— Não! Ao contrário! fale com franqueza... Nada de receios...
— É que... sim, você sabe que eu tenho tratado do seu casamento com a Zulmirinha... Lá em casa não se fala agora noutra coisa... até a própria Dona Estela já está muito bem disposta a seu favor... mas...
— Desembuche, homem de Deus!
— É que há um pontinho que é preciso pôr a limpo... Coisa insignificante, mas...
— Mas, mas! você não desembuchará por uma vez?... Fale, que diabo!
Um caixeiro do armazém apareceu à porta, prevenindo de que o almoço estava na mesa.
— Vamos comer, disse João Romão. Você já almoçou?
— Ainda não, mas lá em casa contam comigo...
O vendeiro mandou o seu empregado dizer lá defronte à família do Barão que seu Botelho não ia ao almoço. E, sem tomar o casaco, passou com a visita à sala de jantar.
O cheiro ativo dos móveis, polidos ainda de fresco, dava ao aposento um caráter insociável de lagar desabitado e por alagar. Os trastes, tão nus como as paredes, entristeciam com a sua fria nitidez de coisa nova.
— Mas vamos lá! Que temos então?... inquiriu o dono