— Abusam, porque tenho de olhar pelo negócio lá fora...
— Comigo aqui é que eles não fariam cera. isso juro eu! Entendo que o empregado deve ser bem pago, ter para a sua comida à farta, o seu gole de vinho, mas que deve fazer serviço que se veja, ou, então, rua! Rua, que não falta por ai quem queira ganhar dinheiro! Autorize-me a olhar por eles e verá!
— O diabo é que você quer setenta mil-réis... suspirou João Romão.
— Ah! nem menos um real!... Mas comigo aqui há de ver o que lhe faço entrar para algibeira! Temos cá muita gente que não precisa estar. Para que tanto macaqueiro, por exemplo? Aquilo é serviço para descanso; é serviço de criança! Em vez de todas aquelas lesmas, pagas talvez a trinta mil-réis...
— É justamente quanto lhes dou.
—... melhor seria tomar dois bons trabalhadores de cinqüenta, que fazem o dobro do que fazem aqueles monos e que podem servir para outras coisas! Parece que nunca trabalharam! Olhe, é já a terceira vez que aquele que ali está deixa cair o escopro! Com efeito!
João Romão ficou calado, a cismar, enquanto voltavam. Vinham ambos pensativos.
— E você, se eu o tomar, disse depois o vendeiro, muda-se cá para a estalagem?...
— Naturalmente! não hei de ficar lá na cidade nova, tendo o serviço aqui!...
— E a comida, forneço-a eu?...