engendrou-se, pura como a casta e inocente virgem que dela era objeto, se desafogava em palavras repassadas de ternura no seio da selvática beleza que a tinha sabido inspirar.

— Ó minha mui formosa e querida Guaraciaba, murmurava Itajiba aos pés da filha de Oriçanga; se teu coração não adivinhou nem compreendeu o puro e ardente afeto que do fundo da alma te consagro, eu não sei por que maneira, nem com que palavras te possa explicá-lo, pois nem na nossa linguagem das florestas, nem naquela que os imboabas nossos perseguidores me ensinaram, não existem expressões que possam dar idéia dos suaves transportes desta paixão imensa e profunda, que tu, ó a mais formosa das filhas da floresta, só tu soubeste inspirar-me. Paixões como esta, que me devora, não as pode explicar a língua dos homens; só os anjos do céu poderiam exprimi-las em seus cantares de inefável harmonia. Ah! e como poderia eu não amar-te, a ti, manitó celeste enviado por Tupá para velar sobre meus dias, a ti, que com teus carinhosos desvelos, com teu divinal sorriso me restituíste à vida, quando eu era já cadáver, a ti enfim, que com teu amor tornando-me o mais feliz dos viventes, vens abrir-me de novo as portas do porvir e da esperança!...

A estas palavras Itajiba cobriu de ardentes beijos as mãos de Guaraciaba, que tinha entre as suas, levantou-