nos ameaçam com o extermínio, a escravidão e a morte. Cumpre opor-lhes um dique e fazer-lhes perder para sempre o desejo de penetrar em nossas florestas. Cumpre que nos arranquemos deste ignóbil torpor em que há tanto tempo jazemos, se não quisermos ser esmagados por nossos inimigos, quando menos o esperarmos. Pois bem, ilustre Oriçanga e veneráveis pajés que me escutais, mandemos duas fortes expedições compostas de guerreiros escolhidos contra esses inimigos, que de diversos lados nos ameaçam; uma delas, seja qual for, seja comandada por Inimá; à testa da outra marche Itajiba. Aquele que melhores serviços prestar, que mais bem desempenhar sua árdua e gloriosa missão, seja o preferido.

— Bem falado, Andiara! Bem falado! clamaram os anciãos arrebatados pelo enérgico discurso do pajé, que entre eles passava como um profeta que lia no futuro e conversava com os espíritos celestes. Alguns, que porventura ainda não aderiam às razões por ele apresentadas, não ousaram erguer a voz, e o alvitre de Andiara, adotado por quase todos, prevaleceu.

Ainda o conselho dos pajés não tinha terminado suas deliberações, e já uma turba alvorotada se apinhava e crescia em torno da cabana de Oriçanga. O amotinamento insuflado por Inimá se tinha propagado com caráter assustador. Os inimigos de Itajiba exigiam em altos e ameaçadores gritos que lhe entregassem o